Liliam Freitas
No geral, as pessoas acham que podem dissertar sobre tudo, inclusive sobre assuntos que não têm leitura. Leram no jornal, viram na televisão e pronto já têm know-how. Muitas vezes, possuem apenas uma opinião não balizada nem aprofundada. Nesse caso, é melhor nem tentar evocar uma discussão. Geralmente eu digo que li e peço que os colegas façam o mesmo. Parece arrogante, mas não é.
Na última sexta feira, em uma mesa de bar, veio um assunto que 99% dos brasileiros acreditam que conhecem, quando na verdade dispõem apenas de uma opinião, como de costume não fundamentada. O tema as cotas para negros. Vêm o achismo e os velhos “argumentos” de quem não leu nada, tem apenas opinião. Ai começa, “negro não é incapaz” (Eu digo: o viés não é esse), “a questão é social, não é racial” (não se separa um do outro. Cadê a Antropologia e Ciências Sociais. Socorro, estava com colegas do Jornalismo, cruzes...), “deixa se ser besta negro rico não sofre preconceito” (que autor escreveu isso e se sustenta em que?), “não tenho a ver com a escravidão” (diz uma amiga negra na discussão! É coisa do passado! Contraditório. ). E surgem mais disparates.
Sempre digo que a questão não pode ser reduzida a ser contra ou a favor, isso é reducionismo. È premente saber por que as cotas foram adotadas no Brasil. Não é esmola. As cotas em si não resolvem, qualquer um sabe disso, no entanto, colocam a problemática para a sociedade para que políticas sociais cheguem ao segmento negro. No Brasil, a população negra tem os piores índices sociais: educação, moradia, saúde e etc. E as colegas ainda falam em capacidade, fala sério! É uma cegueira social. No banheiro, como não dava para discutir com quem não saiu de um péssimo senso comum, disse: “As universidades já adotaram independente da opinião de vocês. Fazer o que?” ironizei.
A grande lição é que não converso mais cotas ou outro assunto com que não sabe, indicarei livros, autores. E peço para depois discutir. Lembrei de um colega da Academia que falou era contra, foi ao seminário, teve mais conhecimento e agora é a favor. Não vivemos no paraíso em que todos são iguais e desfrutam das mesmas oportunidades, na maioria dos negros estão nas piores. Gostaria de ser contra as cotas, na verdade sou contra a situação que nos leva as elas!
3 comentários:
Realmente, às vezes me encontro nessa situação desagradável, de encontrar pessoas com pensamentos reducionistas. É um saco! Mas como você disse e concordo, até acho graça, as universidades já adotaram quer queiram, quer não.
Valeu!
Realmente, às vezes me encontro nessa situação desagradável, de encontrar pessoas com pensamentos reducionistas. É um saco! Mas como você disse e concordo, até acho graça, as universidades já adotaram quer queiram, quer não.
Valeu!
Wagner.
É isso mesmo, é triste. Eu não gasto mais saliva a toa, não leu a gente não discute!
Postar um comentário
Fiquem a vontade. Para nós que fazemos o pontoinicial seu comentário é importante, tipo assim: importantão.Levantamos a tese, questionamos e esperamos que as pessoas leiam, entendam, gostem e se posicionem. Assim, melhoramos a escrita e a forma de abordagem. texto