Meu povo, meu poema
Meu povo e meu poema crescem juntos
como cresce no fruto
a árvore nova
No povo meu poema vai nascendo
como no carnaval
nasce verde o açúcar
No povo meu poema está maduro
como o sol
na garganta do futuro
Meu povo em meu poema
se reflete
como a espiga se funde em terra fértil
Ao povo seu poema aqui devolvo
menos como quem canta
do que planta
Meu povo, meu abismo
Meu povo e meu abismo
Nele me perco;
a sua tanta dor me doem
surdo e cego.
Meu povo é meu castigo
meu flagelo:
seu desamparo,
meu erro.
Meu povo é meu destino
meu futuro:
se ele não vira em mim
veneno ou canto-
apenas morro.
Meu povo e meu abismo
Nele me perco;
a sua tanta dor me doem
surdo e cego.
Meu povo é meu castigo
meu flagelo:
seu desamparo,
meu erro.
Meu povo é meu destino
meu futuro:
se ele não vira em mim
veneno ou canto-
apenas morro.
Nos dois poemas “Meu povo, meu poema” e “Meu povo, meu abismo” a relação que se estabelece entre poeta/poema e o povo é de uma perfeita identificação entre os dois, a ponto de o povo constituir não só a fonte de inspiração para a criação poética, com também razão da existência do eu – lírico!Isso me encanta no Ferreira Gullar!!
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