sábado, 6 de dezembro de 2008

É preciso mais do que uma simples opinião para discutir

Liliam Freitas

No geral, as pessoas acham que podem dissertar sobre tudo, inclusive sobre assuntos que não têm leitura. Leram no jornal, viram na televisão e pronto já têm know-how. Muitas vezes, possuem apenas uma opinião não balizada nem aprofundada. Nesse caso, é melhor nem tentar evocar uma discussão. Geralmente eu digo que li e peço que os colegas façam o mesmo. Parece arrogante, mas não é.

Na última sexta feira, em uma mesa de bar, veio um assunto que 99% dos brasileiros acreditam que conhecem, quando na verdade dispõem apenas de uma opinião, como de costume não fundamentada. O tema as cotas para negros. Vêm o achismo e os velhos “argumentos” de quem não leu nada, tem apenas opinião. Ai começa, “negro não é incapaz” (Eu digo: o viés não é esse), “a questão é social, não é racial” (não se separa um do outro. Cadê a Antropologia e Ciências Sociais. Socorro, estava com colegas do Jornalismo, cruzes...), “deixa se ser besta negro rico não sofre preconceito” (que autor escreveu isso e se sustenta em que?), “não tenho a ver com a escravidão” (diz uma amiga negra na discussão! É coisa do passado! Contraditório. ). E surgem mais disparates.

Sempre digo que a questão não pode ser reduzida a ser contra ou a favor, isso é reducionismo. È premente saber por que as cotas foram adotadas no Brasil. Não é esmola. As cotas em si não resolvem, qualquer um sabe disso, no entanto, colocam a problemática para a sociedade para que políticas sociais cheguem ao segmento negro. No Brasil, a população negra tem os piores índices sociais: educação, moradia, saúde e etc. E as colegas ainda falam em capacidade, fala sério! É uma cegueira social. No banheiro, como não dava para discutir com quem não saiu de um péssimo senso comum, disse: “As universidades já adotaram independente da opinião de vocês. Fazer o que?” ironizei.

A grande lição é que não converso mais cotas ou outro assunto com que não sabe, indicarei livros, autores. E peço para depois discutir. Lembrei de um colega da Academia que falou era contra, foi ao seminário, teve mais conhecimento e agora é a favor. Não vivemos no paraíso em que todos são iguais e desfrutam das mesmas oportunidades, na maioria dos negros estão nas piores. Gostaria de ser contra as cotas, na verdade sou contra a situação que nos leva as elas!

3 comentários:

Anônimodisse...

Realmente, às vezes me encontro nessa situação desagradável, de encontrar pessoas com pensamentos reducionistas. É um saco! Mas como você disse e concordo, até acho graça, as universidades já adotaram quer queiram, quer não.
Valeu!

Anônimodisse...

Realmente, às vezes me encontro nessa situação desagradável, de encontrar pessoas com pensamentos reducionistas. É um saco! Mas como você disse e concordo, até acho graça, as universidades já adotaram quer queiram, quer não.
Valeu!
Wagner.

Liliam Freitas disse...

É isso mesmo, é triste. Eu não gasto mais saliva a toa, não leu a gente não discute!

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