sábado, 8 de março de 2008

Conversar para dizer Sim

Por Nunno Pacheco
Infelizmente o texto, a crítica, ao mais recente Album da Vanessa da Mata não é meu, não escrevi. Mas coloquei aqui, antes não especifiquei a autoria, o que de certa forma dizia que eu era autora, mas não sou. Deliciem-se com ele, o texto!
A primeira imagem é a um imenso tecido vermelho, uma espécie de véu que semi-cobre uma mulher deitada na areia branca, ao fundo uma nesga de mar. É a capa. No interior, o véu flutua e descobre a mulher de pé, cabelos ao vento, longo vestido de suaves flores azuladas e brancas, a areia e o mar em dois traços paralelos no horizonte. Vanessa da Mata joga, mais uma vez, na composição de imagens, que as palavras acompanham nas canções ou antes delas. Como estas, no quase-manifesto que serve de intróito ao disco: "É preciso varrer outras lacunas que se esgueiram na perversão e na crueldade dos homens. Na violência que nos afunda, na corrupção que nos mata, na passividade que nos oprime e não nos desperta confundindo-se com pacificidade. É preciso não curvar a dignidade." Impossível não ver a mulher de lata na cabeça cantada em "A força que nunca seca", que Vanessa escreveu no início da sua carreira, primeiro para Maria Bethânia, depois para o seu próprio disco de estréia. Mas o que ela canta, neste seu terceiro CD, intitulado apenas "Sim", é mais uma espécie de sagração da Primavera enraizada no seu Mato Grosso natal, feita de flores e amores cobertos de sons ainda mais sofisticados.


Primeiro houve quarenta canções escolhidas, depois dezenove. Ficaram 13, no disco. "Foi difícil a escolha, porque tínhamos 19 canções prontas, com instrumentos e tudo. E quando chegamos à etapa final vimos que podíamos ter um disco mais romântico ou mais festivo, era uma questão de escolha, até de conteúdo. Como se pudéssemos escolher uma linha para o disco. Resolvi então escolher uma coisa mais equilibrada, brincando com os temas: misturei canções mais românticas com outras mais lentas, depois outras mais festivas, por temas. Tentei equilibrar o disco assim."

Dueto com Ben Harper
Desta vez, sucedendo a Liminha (que produziu o disco anterior, "Essa Boneca Tem Manual"), surgem Mário Caldato (conhecido pelo seu trabalho com músicos como Beastie Boys, Björk, Beck, Blur, Bebel Gilberto ou Seu Jorge) e Kassin, ambos com talentos que passam muito pela paleta digital. Sob a sua batuta alinham pesos-pesados como o baterista Sly Dunbar e o baixista Robbie Shakespeare (dupla mágica nos sons do reggae), João Donato (outro mágico, mas do piano), Alberto Continentino (baixista de Ed Motta), Don Chacal (uma lenda na percussão), Davi Moraes, Pedro Sá, Armando Marçal, Fernando Catatau, o próprio Kassin em vários instrumentos e vários etc. A completar o luxo, há ainda Ben Harper, com quem Vanessa da Mata fez um dueto e uma parceria virtuais num tema que vai encher-nos os ouvidos até à exaustão (o que é injusto, porque há mais coisas interessantes no disco): "Boa sorte/good luck". Isto antes de o conhecer em carne e osso, na sua casa de Los Angeles, junto com a mulher, a actriz Laura Dern (a história é contada em pormenor no site ww.vanessadamata.com.br). "A ideia desse dueto não foi minha, foi do Mário Caldato", diz Vanessa. "Ele conhece o Ben Harper, tem o mesmo empresário dele e do Jack Johnson." O mais curioso é que o fio se desenrolou ao contrário: Vanessa comprou em Portugal um disco de Johnson e por causa deste conheceu Caldato, primeiro o trabalho e depois a pessoa. "Um dia ele disse-me: "Você gosta do trabalho do Ben Harper?" Eu disse que sim, que já tinha visto shows dele em Portugal e no Brasil." Pois Caldato mostrou a Harper a canção de Vanessa, ele "gostou muito" e, à distância, cantou uma parte em inglês, gravou voz e guitarra wiessenbomb e enviou. O estúdio tratou de transformar o dueto virtual em realidade. "De início", diz Vanessa, "eu só tinha uma brincadeira com a voz em cima da melodia, foi isso que ele ouviu primeiro. Depois cantei a letra por telefone, de São Paulo para o Ben Harper, para ele ter uma ideia mais próxima do que seria a canção. Mas ele entendeu a canção ainda antes de estar pronta, só com uma linha melódica."


0 comentários:

Postar um comentário

Fiquem a vontade. Para nós que fazemos o pontoinicial seu comentário é importante, tipo assim: importantão.Levantamos a tese, questionamos e esperamos que as pessoas leiam, entendam, gostem e se posicionem. Assim, melhoramos a escrita e a forma de abordagem. texto