segunda-feira, 3 de março de 2008

Ai Conversas, ai conversas...


Muitas leituras de livros, revistas, jornais possibilitam excelentes textos, as conversas do cotidiano também. Por mais que, as vezes, não demos importância a essas conversas. Penso muito no que converso, penso para conversar e penso no momento da conversa. Vem as idéias, insights que não tinha antes, ou com uma força intelectual maior, muitas sacadas, tiradas e claro pérolas. São encontros que acontecem. A conversa pode acontecer com o papai, a mamãe, tios, amigos, colegas, inimigos, conhecidos e desconhecidos.

Muitas conversas são aproveitáveis por mais que não se concorde com o rumo que elas tomam (eis o desafio) e o ponto de vista colocado pelo(s) outro(s). Há a genialidade assim como a bestialidade, e situações as quais são interessantes de se raciocinar. Fiquei refletindo sobre esse assunto depois de um dialogo com um homem de escolaridade média (suponho que ele tenha o ensino médio completo) e intelectualidade rasa notoriamente (não é um leitor, fica visível quando fala e como o faz ) que dizia “o brasileiro deve dominar mais de um idioma” (isso é óbvio, assim como todo o planeta, americano habla español, europeu em média fala três línguas, então onde está a novidade?Eu retrucava silenciosamente.) A tal novidade do pensamento do homem existia, e ficou explícito quando ele revelou que o outro idioma era o português de Portugal, o português (de) português. Vontade de rir, entretanto a perplexidade foi maior.

Respondi que não, retomei a idéia de que brasileiro precisa e deve falar mais de um idioma, como nenhum país nas Américas fala português, o país fica em desvantagem e não pode se comunicar com essa língua diferente da Argentina que pode com o seu espanhol e do Canadá com seu inglês, e ainda há francês. Por isso os brasileiros além de falar sua língua materna, necessitam falar espanhol (importância continental) e inglês (que funciona como língua mundial). Mas daí a afirmar que os brasileiros devem aprender o português de Portugal é distorcer muito.

Então esclareci que há diferenças entre o português tupiniquim e o de Portugal, e que elas não eram suficientes para se levantar a tese de um outro português na condição de um outro idioma, assim como espanhol, inglês, francês, alemão... O português é uma língua e como tal possui suas variantes, ele falou das diferenças que inquestionavelmente existem, e esqueceu das semelhanças, se houvesse apenas as primeiras a tese dele estaria correta, todavia... Não deve ter estudado Lingüística, nem visto na escola como eu.. Coloquei que um brasileiro em Portugal ia se deparar com disparidades lingüísticas, assim como um português ou um moçambicano no Brasil. Todos iriam se encontrar na língua que é a portuguesa, do mesmo modo de um norte-americano na Inglaterra, Austrália ou Jamaica.

Se a lógica é a de que há idiomas dentro do Português, implica Português brasileiro, Português de Portugal, Português Moçambicano. Seguindo essa lógica não tão lógica, pode-se falar em diversos “português” em Brasil: o maranhense, o carioca, o paulista, o mineiro, baiano, potiguar, gaúcho e etc..., se a tese é que as diferenças criam outros idiomas. Continuando a testar a tese: o inglês americano é um idioma, o inglês britânico é outro, o jamaicano é outro; o francês de Paris é uma língua, o da Guiana é outra. Sendo desse jeito, é preciso de imediato criar novas escolas de idiomas.

Qual a concepção dele de língua ou idioma que ele tem? Será mesmo que tem uma concepção? O que já leu sobre o assunto? Para ele, o que faz a língua para ser língua, o idioma para ser idioma é a homogeneidade rígida, e o que faz a língua é o contrário, a heterogeneidade! É sempre válido pensar a língua.

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