domingo, 6 de janeiro de 2008

Tropa de elite perde ou ganha pra pirataria?

Por Jeorge Segundo*




Enfim, vi o tão comentado Tropa de elite (se você não viu, eu recomendo). Um filme merecedor de toda repercussão que teve, essa, funcionando como uma espécie de "trailler" boca à boca resultando nesse sucesso, ainda que na versão pirata. Aliás, a polêmica inclusive, foi bem usada pelos camelôs: "Tropa de elite, compre antes que os policiais proibam" era mais ou menos o que gritavam para vender as cópias, e o pior (ou melhor), vende-las como água.
A tática em transformar histórias das periferias brasileiras, principalmente as do Rio de Janeiro, em “espetáculo”, vem dando certo na grande mídia faz alguns anos. Não é à toa que filmes e seriados foram sendo produzidos acerca do assunto, como "cidade dos homens", "Carandiru", "Antônia" entre outros. Mas, ao contrário do primeiro grande sucesso cinematográfico "Cidade de Deus", o "Tropa de elite" explodiu como algo fora do controle dos seus produtores, "vazando" pela internet, no momento certo, mas na hora errada. Ou seria no "momento errado", mas na "hora certa"?! vou tentar explicar:
Nem o mais profeta dos homens imaginaria esse resultado (ou, o mais profeta dos homens é brasileiro e o melhor marqueteiro do mundo). Praticamente zero de gastos em divulgação e o filme é um verdadeiro estouro (o momento certo). Em compensação, o fato das pessoas deixarem de ir ao cinema quando o "tão aguardado" estivesse nas telonas, traria um medo eminente. Seria um grande paradoxo um filme sucesso de público com fracasso de bilheteria (a hora errada). Com certeza, o público esperado para assisti-lo era o da clásse média, o mesmo que se impressionou com as maldades do "Zé Pequeno" e cia ltda. lotando as salas de cinema como se tudo aquilo não existisse (mesmo eles assistindo ao filme nos shoppings centers colados a barracos de alguma favelinha dessas), mas, logo quando a pirataria é algo forte no nosso dia-a-dia (o tal "momento errado"), o longa está sendo visto pela massa, por pessoas que possivelmente estão mais proximas daquela "ficção"- para os que tem mais condições-, ou "realidade" - para elas -, tendo como consequência a popularidade da obra além de muitos debates e discussões sobre o que é relatado nela: A crise da polícia, do Estado e da sociedade frente ao narcotráfico e o crime organizado (a tal "hora certa").
A partir daí, algumas questões ficam na minha cabeça: A pirataria tem o seu lado bom em tornar mais acessível a arte e a cultura (que é um bem de consumo hoje) e, de alguma forma, levar um pouco de conscientização à muitas pessoas? Ou devemos apenas enxergar todos os seus males (sonegação fiscal, desvalorização de direitos autorais, a própria corrupção, também mostrada no filme, etc)?
Bem, é bonitinha a campanha que os artistas insistem em fazer na luta contra a pirataria, se tornando até justa em certo ponto.No entanto, não dá mais pra remar contra a maré! A pirataria é um fato! comprar qualquer produto pirata já é um hábito social... Todos fazem ou os consomem de alguma maneira, todos tem suas necessidades e desejos consumistas. As pessoas são bombardeadas o tempo todo por propagandas, e vão atrás do que é anunciado seja lá qual for suas condições financeiras. É exatamente ai que os piratas vendem, alimentando organizações clandestinas poderosas que envolve de fiscais à juizes, de policiais à traficantes.
Sabemos o quanto é dificil conseguir algo justo nesse país. Mas colocar na cabeça de qualquer brasileiro que ele deve gastar um terço do seu sálario (se esse estiver empregado) na compra de um CD, ou levando sua família ao cinema, por exemplo, está realmente fora de cogitação!
A pirataria parece de alguma forma, democratizar a informação, como uma resposta da pobreza à elite, e já existem empresas que perceberam isso, se adaptando a um novo mercado com novas maneiras de sobreviver dentro deste.
Tropa de elite ainda não estreiou em todo Brasil. Não sabemos qual será seu retrospecto de bilheteria, mas em uma coisa ele é original e "incopiável": Na sua capacidade de abranger tantos temas importantes e oportunos ao mesmo tempo em todos os aspectos possíveis que uma obra possa ter!
Eu pretendo dar minha contribuição indo a uma sessão, mas vou ainda torcendo para que entretedimento de qualidade como esse, possa ser mais acessível, sem quaisquer manobras maliciosas.
Jeorge Segundo é acadêmico de Jornalismo da UFPB.
João Pessoa, 10 de outubro de 2007
peguei o texto no site overmundo

A Pirataria do Markenting foi o que aconteceu com o filme Tropa de Elite. E me veio a expressão diante da leitura desse texto com uma boa análise sobre a pirataria e seus velhos discursos e fica em mim frase: "Camêlo é agente de difusão cultural" .
Pelo menos não houve necessidade de se gastar com a divulgação, a pirataria fez isso, não de graça, mas bem mais barato!
Creio que o filme não perde!
Liliam Freitas

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