sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dupla Sandy & Júnior Lucra Até mesmo com o Seu Fim


Raspando o Tacho – Dupla Sandy & Júnior Lucra Até mesmo com o Seu Fim

Por Jonathas Nascimento



Conjugue o verbo lucro na primeira e segunda pessoa do singular e do plural, adicione o adjetivo esperto e sua lista de sinônimos, acrescente o cérebro sagaz de um publicitário da indústria fonográfica, e por fim coloque uma pitada da fisionomia intelectual rasa do brasileiro mal informado। O resultado final após a digestão dessa mistureba insana será o conteúdo artístico da dupla Sandy & Júnior!


Podem me chamar de ranzinza (não tem problema), mas tudo na carreira desses “fofos” foi sempre hiperdimencionado pela mídia, e não seria agora que a dupla mimosa e seus sedentos empresários deixariam de roer o osso já quase triturado।


Quando Sandy e Júnior anunciaram a separação da dupla no último dia 17 de abril, eu logo intui que essa história estava mal contada। Ao assistir domingo passado a participação de Sandy & Júnior no Domingão do Faustão (sob o efeito de algumas gotas de “Dramin”) consegui finalmente compreender melhor o tamanho da armação publicitária montada para se “comemorar” o final dessa dupla tão importante para a música popular brasileira! Mas afinal de contas qual foi a contribuição honrosa que esses dois deram a nossa cultura? Aumentar as vendas dos periódicos de celebridades? De sandálias femininas para a classe média? Ensinar a todos como se vender motos com um rompimento profissional?


De quebra chegou às lojas de todo o país ontem (sexta-feira) o CD Acústico MTV – Sandy & Júnior (Universal, 2007), parte integrante da epopéia da separação e despedida dos irmãos da família Lima de Campinas, interior de São Paulo।


Não há nada de novo evidentemente no disco, é uma obra formatada apenas para fãs (chorosos pela separação após 17 anos dos maninhos), e que vão lotar ginásios e estádios pelo país afora, gritando muito, e acreditando que os shows que verão serão os melhores de suas vidas.
Faustão disse em separação “pensada e lúcida”, mas se esqueceu de avisar ao país que tanto Sandy quanto Júnior são reféns dessa indústria que agoniza em plena praça pública de nosso país!


Se em 17 anos de carreira a dupla lançou 18 álbuns (agora 19), que venderam cerca de 15 milhões de cópias, nos últimos anos as vendas despencaram e obviamente impossibilitaram a permanência dos irmãos Lima lado a lado por mais algumas décadas। Daí todo esse blá, blá, blá do desejo de cada um seguir seu caminho separadamente. A coisa não rolava mais financeiramente, esse é o maior e o único motivo da separação! Incrível como uma banda de rock quando se separa cada um vai pro seu lado, isso quando não rola uma pancadaria entre seus membros.


No caso de Sandy & Júnior seria improvável pensar nesse tipo de rompimento abrupto, e escandaloso, mesmo assim ficou nítido que Júnior está bem contrariado com a imposição da última turnê, o que lhe obrigou a cessar um projeto de alguns anos que no mínimo era mais honesto e natural, a banda paulistana Soul Funk।


A tristeza nessa história toda não é a separação de ninguém, mas sim como a música virou um grande balcão de negócios, independente do talento gerenciado pela indústria. Como não acredito em Papai Noel e muito menos em Coelhinho da Páscoa, não me surpreenderá em nada, daqui a algum tempo o anúncio do retorno dos irmãos Sandy & Júnior – enquanto dupla de música degenerativa e massificada apenas para fazer fundo – fundo monetário para as gordas contas bancárias dos irmãozinhos e dos profissionais a serviço desse tipo de escalada econômica em nome da arte. Mas cada um acredita naquilo que pode, não é?

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