quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Comunicação e Responsabilidade Ambiental


por Liliam Freitas

Tudo tem a ver com tudo. Não existe nada fora da relação. O universo é feito através das relações de todos os seres. Precisa-se da Comunicação. Precisa-se, então, da relação. Comunicação implica interação entre os sujeitos em sociedade. Quando se trata de comunicação e responsabilidade ambiental, entende-se que a comunicação é social, ou comunicação social, e a responsabilidade também, isto é, a responsabilidade ambiental se aloja dentro da dimensão maior, social.


A Comunicação estabelece o elo entre a sociedade e os estudiosos do meio ambiente. A responsabilidade comunicacional, isto é, da comunicação para com o planeta Terra, consiste em aproximar os assuntos estudados por eles das pessoas, de levá-los ao alcance de todos e relacioná-los ao cotidiano de cada um. Eis o papel da Comunicação. O acesso à informação assim, nesse viés educativo, possibilita reflexão e que se repense no processo hodierno de má utilização e abusiva dos recursos da biosfera, da vida.


Nesse sentido, devem ser abordadas questões como mudanças climáticas, biodiversidade, energia limpa, camada de ozônio, emissão de dióxido de Carbono. Assuntos importantes para todos que não são compreendidos por toda a sociedade. Restritos e tratados apenas por especialistas, técnicos e governantes. Temas de interesses de todos oligopolizados. Para que as pessoas saibam sobre os problemas ecológicos e conheçam mais e se sensibilizem na busca e construção de um modelo verde e concomitantemente maduro e sustentável de vida na Terra é conditio sine qua non a participação dos profissionais da comunicação.


A responsabilidade dos jornalistas, relações públicas, radialistas e publicitários nas organizações não-governamentais (ONGs), empresas, governos e meio de comunicação de massa (MCM) deriva-se do fato dos comunicólogos influenciarem ou formarem a opinião pública. Dessa forma, a Comunicação não pode se comportar e atuar sem um propósito social e humano, sem ser responsável. Responsabilizar-se é comprometer-se tanto com o homem quanto com as milhares de espécies de vida que habitam a biosfera e são primordiais para manter a camada da vida.


Diversas pesquisas são realizadas e necessitam chegar ao conhecimento da população. Algumas delas manipuladas por interesses políticos tentam esconder o caos. Essa situação é perniciosa, visto que não remete à problemática. O quadro atual é que o mundo agoniza em uma crise ambiental fruto do pensamento, de antes, de que os recursos eram inesgotáveis. Depois de muito desperdício, o homem descobriu, com a reação do planeta Terra, que os recursos são finitos - por isso os conflitos e guerras mundiais pelo ouro negro, petróleo que acabará. A crise existe, as causas são conhecidas, a gravidade, impactos e possíveis soluções também. Falta ainda mais ação!


Para que sensibilização para a importância do respeito aos limites ecológicos aconteça naturalmente, e posterior ação, é essencial que a comunicação torne-se uma plataforma que permita a disseminação da informação, fatos e acontecimentos aliados a fóruns de discussão por meio de artigos, reportagens, colunas, entrevistas com especialistas, programas de televisão e rádio e atividades desenvolvidas por comunidades em prol do habitat em que vivem. Pois, tudo isso permite maior e bem informada participação das pessoas na agenda política, inclusive de políticas públicas ambientais, como para a conscientização da necessidade de ação integrada e urgente de governos, cidadãos, das organizações e empresas.


Com base em toda essa conjuntura, tornam-se primordiais a preocupação e a defesa do desenvolvimento sustentável para superar o ainda reinante modelo de desenvolvimento insustentável pautado em “(…) um tipo de crescimento material que atende apenas uma parte da humanidade - os países industrializados-, deixando os demais na carência, quando não diretamente na fome e na miséria”, segundo Leonardo Boff. Em consonância com essa reflexão, propõe-se esse tipo desenvolvimentista que respeite as dimensões humana e social. Não é esse modelo que é o centro, e sim a vida, o homem, e a biodiversidade. A Ecologia é social também: depois da última árvore, do último rio, do último peixe, não vai ser possível viver só do dinheiro, não se come dinheiro e as comunidades de vida no planeta estarão no fim, ou prestes.


Nesse processo de destruição da natureza, que significa também fim da vida, a responsabilidade ambiental de cada indivíduo possui impacto sob o meio. E da Comunicação mais ainda, em virtude dela frutificar responsabilidades: de informar, através da informação, educar e conscientizar a sociedade. Caso ela se furte a sua função social, a problemática ambiental estará longe do fim, pois as pessoas ficarão indiferentes às questões ambientais.

Obs: Redação vencedora do Concurso Redação da 29ª Revista RP Alternativo do Curso de Comunicação RP Alternativo da Universidade Federal do Maranhão

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