terça-feira, 20 de junho de 2006

Uma apologia à Copa do Mundo

De quatro em quatro anos, acontecem a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Esses dois eventos mundiais não coincidem. Seria muita emoção para um ano só! Então, de dois em dois anos, um desses espetáculos ocorre. Em 2004, foram as Olimpíadas na Grécia, esse ano (2006) a Copa do Mundo na Alemanha. O primeiro evento esportivo não traz tanta alegria ao brasileiro, visto que fica evidente a (des) política do governo com o esporte.

Já na Copa somos, disparados, os melhores, os favoritos. O Brasil é pentacampeão, em busca do hexa. É o país do futebol! Preferia que fosse o das Olimpíadas, isso significa dizer primazia em outros esportes, não só no futebol. Várias pessoas são dogmáticas em afirmar que o futebol é o ópio do povo, como se esse esporte fosse apenas isso: um anestésico capaz de cobrir a nossa lamentável realidade (e põe lamentável nisso!). Há quem acredite nesse discurso, eu nem tanto, cansei!

Num ano de Copa, um evento em que o grande espetáculo é o esporte mais popular da Terra, o futebol, aparecem os “críticos de plantão”. Só que eles precisam de mais cautela. Só afirmar que o futebol é o ópio da população nacional e com a copa a maioria se esquece dos problemas do país é ser simplista demais. Não me convence.

Sei do que ocorrera no período militar, em que o presidente Médici usou politicamente a conquista do Tricampeonato pela seleção Canarinho a favor do seu próprio governo, como se os militares fossem responsáveis por aquela conquista. O contexto atual é outro, todavia a “crítica” se estatizou. Fala-se no futebol como se ainda estivéssemos naquele tempo. As coisas mudaram, muitas pra pior.

Nunca pensei que gostaria tanto de uma Copa do Mundo. Essa da Alemanha parece-me que veio sob encomenda para o Brasil. Eu explico: o ano de 2006 é uma extensão do bombástico 2005, este ultimo marcado pelos nossos digníssimos representantes na política; esse ano parece a continuação do show de pirotecnia de CPI´s que está se diluindo em pizzas e mais pizzas; esse ano ainda tem eleições e promete ser daquelas. Então, que venha a Copa do Mundo, a gente merece!!

O dramaturgo Nelson Rodrigues em sua crônica A Alegria de Ser Brasileiro traz o futebol em um prisma, diria, inteligente e oportuno. Através dele, mostra que o primeiro campeonato que a Seleção vencera em 1958 fez com que nós, brasileiros, víssemos que possuíamos as mesmas qualidades que tanto admirávamos nos europeus, em especial nos ingleses.

Realmente, brasileiro sofre da síndrome da inferioridade. Talvez a história desse país a explique, em especial a Colonização Portuguesa. A maioria é da opinião que, se fôssemos colonizados por ingleses, espanhóis ou franceses a nossa situação seria melhor. Ignora que a colonização é sinônimo de exploração, que se a colonização fosse feita por outrem bem que poderia ser pior. Então, esse Campeonato resgatou uma confiança, uma força, um potencial que julgávamos não ter.

Durante a época da Copa, a brasilidade, ou pseudo-brasilidade (escolham), aflora, o verde e o amarelo que nunca, ou quase nunca, combinam passam a ser a tendência da moda. É mágico!. É a copa do mundo e seu espírito! A publicidade e propaganda se aproveitam desse espírito e clima explorando os derivados verde e amarelo.

Não sei, não sou vidente, se seleção vai ser hexacampeã. Vou torcer para que seja, se não for, tudo bem! Independe do que ocorrer na Alemanha, não mudará minha vida nem do povo brasileiro. Mas não é por isso que me convenço do discurso chato de que o futebol é o ópio do povo. E que comece a copa, como diz a musica “Eu quero ver gol! Eu quero ver gol!”. Depois dela é a Eleição, e esse jogo promete ser duro.
Liliam Freitas

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