quarta-feira, 28 de junho de 2006


A procura de resolução.....

O desrespeito aos direitos humanos para com as crianças não é exclusividade tupiniquim.Ele se legitima pela nova ordem mundial, ou seja, ocorre em todo o planeta.Só que num país de grandes disparidades sócio-econômicas como o Brasil, essa calamidade ganha vulto “ gigante pela própria natureza” como diz o hino.Alheio a toda essa questão,a sociedade com miopia aguda, quase cegueira, demonstra ignorância da própria realidade ao desconhecer suas causas e efeitos.

Para compreender toda essa problemática, torna-se primordial (re)conhecer a realidade encontrada nas ruas das cidades brasileiras em que crianças moram, vivem, mendigam, sofrem violência, trabalham ou se prostituem como reflexo da nova ordem mundial.Ordem essa que implica cortes nos investimentos sociais, prática que gera empobrecimento crescente dos países mais pobres,e é desfavorável às crianças e aos jovens, principalmente se eles forem desses últimos países.Esse neoliberalismo que Paulo Freire denomina de “perverso”, contribue para a miserabilidade de muitas famílias brasileiras as quais não possuem poder aquisitivo mínimo para sustentar-se, mesmo trabalhando(paradoxo).

Muitas vezes, o filho ainda criança precisa trabalhar para auxiliar a renda familiar, isso quando a família possui uma, já que muitas não têm, lá o fantasma do desemprego é a cruel realidade.O trabalho infantil conflita com a escola, visto que a primeira atividade antecipa responsabilidades que a criança ainda não apresenta maturidade suficiente para desenvolvê-las.Além disso, prejudica a fase de desenvolvimento que se configura como fundamental para qualquer ser humano durante a infância.Esse trabalho prematuro ainda atrapalha no desempenho escolar, a criança se divide entre o trabalho e a educação escolar de forma desigual, é a competição entre essa duas atividades e que se fazem presente na mente da criança.A sociedade negligencia todos esses efeitos.

Nesse conflito trabalho e a escola, na maioria das vezes, o trabalho vence não só pela razão da criança optar por ele que traz o seu sustento,mas sim em virtude da segunda não conseguir conquistá-la, de não suprir suas necessidades, inclusive ensino escolar esse de baixa qualidade.Em vista disso,observa-se que o discurso “todas as crianças na escola ” ainda não se concretiza, porque o colégio ainda não se adequou.É inerente que lê dê um “salto de qualidade”.O Estado Brasileiro tem por obrigação oferecer uma educação pública decente a essa classe muito desfavorecida para que venha a usufrir de um sistema educacional a fim de mudar sua situação (utópico?! Depende, se a sociedade acha que sim, é,caso contrário não.)


Milhares de crianças além de relegadas pelo Estado nacional e sua política econômica “light”, são também pela família, às vezes,instituição essa desestruturada, até mesmo composta só por um membro: mãe, avó ou pai. A sociedade ignora todo esse contexto, tanto que criara e ainda utiliza a expressão “crianças de rua”.Quando na verdade o entendimento dessa questão revela que a preposição “de” mascara a realidade, já que elas não nasceram ou brotaram nas/das, e sim que elas estão lá porque alguém as colocou lá e que possuem família, pai, mãe como todo mundo,mesmo que sejam apenas procriadores.

Constituem inúmeras as causas mais comuns apontadas para esse problema: a desigualdade na distribuição de renda, os fatores familiares, a educação, a saúde, o saneamento básico, o êxodo rural, neoliberalismo, a ausência de políticas públicas eficientes e preventivas, o descumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a falta de planejamento familiar aliado ao não incentivo a ele,dentre outras.Os transtornos dessa crueldade implica comprometimento de uma grande parte da futura sociedade que não tem oportunidade de se desenvolver na fase mais crucial para/de sua vida : a infância.Diante disso, pergunta-se como explicar o verso do hino nacional “O teu futuro espelha essa grandeza” ? Que grandeza é essa ? Será a grandeza da vergonha de um país que maltrata suas criancinhas e diz que elas são “o futuro da nação ?”


Grande parte da população brasileira ainda imersa na ignorância age como se o dilema da criança não existisse ou que se houver não lhe compete, e sim ao Estado.Ainda consegui a proeza de transformar e ver as vítimas (as crianças, em especial) em algozes, num raciocínio absurdo que elas apresentam perigo.Quando na verdade, elas são fruto de um sistema, esse sim perigoso.


Por conseguinte, enquanto a sociedade não for ao oftalmologista, curar-se de sua miopia que beira a cegueira, não pode analisar o país e os problemas como realmente são e se constituem.Sendo assim, é inerente que ela se conscientize e se una ao Estado a fim de elaborar políticas públicas, projetos e o aprimoramento da educação com o intuito de se realizar justiça e contribuir por um país melhor.O que não pode é permanecer na (quase) inércia “Deitado eternamente em berços esplêndidos / Ao som do mar e à luz do céu profundo” a espera de um anjo que caia do lindo céu para resolver essa problemática.Senão, a solução da questão possivelmente não virá nem “a passos de formiga e sem vontade ”.


João Paulo Soares jr. e Liliam Teresa M. Freitas
Pedagogia-UEMA

0 comentários:

Postar um comentário

Fiquem a vontade. Para nós que fazemos o pontoinicial seu comentário é importante, tipo assim: importantão.Levantamos a tese, questionamos e esperamos que as pessoas leiam, entendam, gostem e se posicionem. Assim, melhoramos a escrita e a forma de abordagem. texto